OS PIRILAMPOS
NO ALCAIDE
Os
pirilampos são animais nocturnos, que vivem nas pradarias, nas margens dos rios
e ribeiras, nos campos agrícolas e nos jardins, com a seguinte
classificação: Filo - artrópodos, Classe - insectos, Ordem - coleópteros,
Família - lamperídeos.
Estes insectos apresentam
características bioluminiscentes, com emissão de luz fria, de tipo
fosforescente, produzida por uma substância designada «luceferina», que o
próprio corpo produz e que, em contacto com o ar ou a água, produz uma luz, normalmente,
amarela-esverdeada, mas que pode ir do verde ao vermelho, com grande libertação
de energia luminosa e pouca libertação de calor.
A
luminescência é um aviso de toxidade para os predores e um sinal para o
acasalamento, que acontece entre Maio e Setembro.
Na
aldeia de Alcaide, concelho de Fundão, os pirilampos, na designação popular,
«caga lumes» e «luzcus», parece terem desaparecido há cerca de algumas dezenas
de anos. Nos últimos anos, foram observados, nos meses de Maio e Junho, num
quintal na Rua de Santo António Nº 41, alguns exemplares que classificámos, provisoriamente,
salvo melhor opinião, como Pirilampos Lampyris
noctiluca e Lampyris iberica.
Na primeira semana de Junho
passado, apareceram, no referido quintal, seis exemplares, que foram
fotografados com algumas deficiências, por a objectiva não ser apropriada.
Creio que não foram avistados exemplares em outros locais próximos. Naquela
quintal, com dimensões exíguas, onde não entram quaisquer produtos
químicos, pairam alguns pássaros, grilos e muitos outros insectos, entre os
quais a borboleta Papillio machaon,
lagartixas, osgas e, por vezes, ouriços-cacheiros, toupeiras e pequenas cobras.
Os
Pirilampos são agentes bioindicadores, pois, indicam a qualidade a as
características do ambiente. São animais sensíveis às alterações ambientais,
como poluição, destruição de vegetação, mudanças climáticas, etc.. São os
primeiros seres vivos a desaparecer com aquelas alterações.
Os
insectos adultos, machos e fêmeas, têm cor cinzento-amarelada ou acastanhada, o
corpo achatado formado por segmentos articulados, apresentando grande
dismorfismo sexual. Os machos, com 1 a 1,5 cm de comprimento, com cabeça
pequena, apresentam asas posteriores membranosas cobertas por asas anteriores
rígidas. As fêmeas, com 1,5 a 2 cm de comprimento, apresentam os últimos
segmentos do corpo totalmente luminosos.
Existem
cerca de dois milhares de espécies de pirilampos, algumas em que os machos voam
piscando nos ares, à procura de fêmeas, que os atraem com a luz que emitem.
Os
pirilampos são carnívoros alimentando-se de lesmas, caracóis e vermes. Alguns
autores referem que também comem ervas. Segregam um líquido, pela boca, que
anestesia as presas e as liquefaz, limitando-se, depois, a ingerir a massa
líquida.
Luminescência de pirilampo, foto tirada de noite sem flash.
Luminescência de pirilampo em foto tirada de noite
sem flash; a parte dorsal com dois pontos luminosos, num segmento da parte
anterior do corpo, dois pontos luminosos num segmento na parte posterior do
corpo e os três últimos segmentos totalmente luminosos, próprios das fêmeas dos
pirilampos Lamprohiza sp, Lamprohiza
paulinoi e Laprohiza mulsanti.
Luminescência de pirilampo em foto tirada de noite,
sem flash, parte dorsal, com alguma iluminação. Notam-se um dos pontos
luminosos, na parte anterior do corpo, dois pontos luminosos, na parte
posterior, e os últimos segmentos totalmente luminosos, como na foto anterior.
Lampyris
iberica, fêmea, foto tirada de noite com flash.
Lampyris
iberica, foto tirada de noite com flash.
Lampyris nocticula, larva, foto tirada com luz do dia.
Lampyris nocticula, larva, foto tirada com luz do dia.
Lampyris
nocticula, larva, foto tirada com luz do dia.
Nyctophila reichii, fêmea, com asas rudimentares, foto tirada de noite com flash.